Nossos antepassados indígenas chamam a restinga de jun’du ou nhun’du, nomes que foram apropriados para classificar a vegetação existente neste ecossistema tão complexo, que significa “vegetação rasteira próximo a praia”.
RESTINGA (para a Geografia) é um espaço geográfico formado sempre por depósitos arenosos paralelos à linha da costa, de forma geralmente alongada, produzido por processos de sedimentação, onde se encontram diferentes comunidades que recebem influência marinha, podendo ter cobertura vegetal em mosaico.
RESTINGA (para a Biologia) vegetação presente no litoral brasileiro, sendo uma faixa de vegetação situada na transição entre a faixa de praia e a mata atlântica, sendo esta última considerada como vegetação de porte maior, que se situa mais para o interior do continente.
No entanto, este ambiente constitui uma importância que vai muito além dos conceitos descritos pelas áreas que o estuda. Trata-se de um ambiente com características singulares, que abriga uma imensa gama de espécies singulares, adaptadas para sobreviver a condições muitas vezes extremas de salinidade, temperaturas, umidade e fortes ventos.
A restinga ou jun’du é a interface entre o mar e a praia e a vegetação continental, em grande parte do Brasil, denominada Mata Atlântica. Podemos dizer que é a barreira que protege nossos solos e vegetação das furiosas “ressacas” marítimas. É a restinga que detém a expansão das dunas. É ela que cuida da manutenção dos bancos de areia das costas brasileira, o que proporciona as lindas ondas de Saquarema e Joaquina.
Nossas nhun’du cuidam de diversas espécies de aves, mamíferos e répteis, que se aproveitam da proteção adaptada desse ambiente para usufruir de alimentação, procriação e abrigo.
De tudo isso, o prazer maior, nesse início de verão, é ver o jundu florindo. O contraste do verde das folhas com o lilás das flores do “cipó tainha” é coisa de beleza sem igual. Como é bonito o jundu florido e quanto é importante a sua preservação!
Não sei no nome da tralha de cipó que agora solta flores lilás e outras roxinhas, nem mesmo papai lembra do nome, mas lembramos que o tal cipó servia pra fazer fieira de tainha e de outros peixes, que em tempos remotos eram pescados nas redes de arrastões, nas praias. Colocamos o nome de “cipó tainha”, pronto!
Julinho Mendes em O Guaruçá
As restingas exercem uma série de bens e serviços socioambientais, dentre eles a fixação de dunas litorâneas. As dunas e restingas, formam não só um ecossistema rico em espécies de fauna e flora endêmicas, mas também protegem o litoral de eventos erosivos das ondas e marés. Não só atuando como uma barreira física, mas também fornecendo e fixando de sedimentos que são auxiliam na recuperação das praias e na formação das ondas e dos bancos de areia.
O jundu é um ecossistema muito frágil. As características do solo, seu teor de umidade e sua fertilidade podem ser considerados importantes fatores abióticos associados à estabilidade e ao potencial de recuperação das restingas. Estudos sobre o sistema solo planta são escassos e são necessários para gerar propostas para recuperação dos processos biológicos deste ecossistema.